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23 de novembro de 2024

Sem tranqueira e superlotação: ZH testa ônibus entre Novo Hamburgo e a Capital

Publicação 20.01.2014 às 07:01

Fonte: Zero Hora
Viagem no coletivo começou às 7h41min de sexta-feira
Viagem no coletivo começou às 7h41min de sexta-feira
Zero Hora

 

— Bom dia, dona Maria!

 

É assim que o motorista Márcio Adriano Mendes recepciona as passageiras da linha Novo Hamburgo-Porto Alegre todos os dias. Os passageiros recebem as boas-vindas pelo nome de João.Na manhã desta sexta-feira, a reportagem de Zero Hora acompanhou dezenas de Joãos e Marias na linha comum da empresa Central para conferir como está o transporte coletivo metropolitano no trecho entre o Vale do Sinos e a Capital. Apesar do tempo de viagem e do valor da tarifa serem maiores em relação ao trem, os usuários ainda preferem o ônibus por ser menos lotado.

 

A viagem começou às 7h41min, nove minutos depois do informado na garagem da empresa, no bairro Canudos, ponto inicial do itinerário em Novo Hamburgo. A protética dentária Pâmela da Veiga, 22 anos, que usa a linha diariamente para ir até São Leopoldo, onde trabalha, garante que a pontualidade não é problema.

 

— Normalmente, o ônibus sai no horário, e só lota quando o trem para — relata.

 

O trensurb, segundo o estudante de Direito Pablo Becker, 25 anos, é a razão pela qual a maioria dos primeiros passageiros desembarca logo em São Leopoldo.

 

— O tempo de viagem é bem menor de trem, vale mais a pena para quem vai a Porto Alegre, mesmo tendo que pegar um ônibus até a estação — opina.

 

O administrador Claudionei Diego Feritz, 28 anos, discorda. Ele subiu no ônibus comum em São Leopoldo porque perdeu o direto que havia passado minutos antes. Há oito anos fazendo o percurso até a Capital para trabalhar, já testou todas as possibilidades de transporte. Considera o ônibus a melhor delas, mesmo sendo o pinga-pinga, que é mais simples e não tem ar-condicionado.

 

— Não pego trem em hipótese alguma, é muito lotado! E o carro é a pior das opções. Desde que o trem chegou a Novo Hamburgo, o ônibus não lota. O problema é o veículo em si, muitos são bem antigos — avalia.

 

A manicure Maritza da Silva de Souza, 35 anos, que há sete usa a linha para ir de Sapucaia do Sul à Capital, também prefere o ônibus porque consegue viajar sentada, mesmo fora do período de férias, e ainda economiza. Para ir de trem, precisaria desembolsar R$ 2,65 para a lotação do bairro onde mora até a estação e mais R$ 2,85 do ônibus em Porto Alegre, além do R$ 1,70 do trensurb. Assim, paga R$ 3,45 e para perto do shopping onde trabalha usando uma só condução.

 

Apesar do desembarque 11 minutos além do previsto (uma hora e 35 minutos é o tempo estimado de viagem), não houve tranqueira no trajeto, na maior parte, cumprido pela pista lateral da BR-116. Às 9h27min, cerca de 20 passageiros desceram no ponto final, sob o viaduto da Conceição, no centro de Porto Alegre. Durante todo o percurso, a média de assentos ocupados não passou da metade.

 

De acordo com o coordenador de operações da Central Transportes, Marcos Bertuol, há uma redução de 40% no número de passageiros no período de férias escolares. Além disso, com a ampliação do trensurb, 5 mil passageiros deixaram de usar ônibus entre Novo Hamburgo e Porto Alegre nos últimos meses, somando as linhas comum e direta.

 

Tarifa única é aposta para recuperar usuários

O apelo econômico é o principal argumento da Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan) em prol da tarifa única, cujo processo de implantação está sendo analisado pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agergs).

 

_ Os empresários entendem que a simplificação da tarifa vai atrair em torno de 20 mil passageiros a mais, porque os usuários terão vantagem financeira optando pelo ônibus _ defende o superintendente da Metroplan, Oscar Escher.

 

Segundo Escher, aumentando a procura pelo serviço, as empresas poderiam cumprir com o compromisso de renovar a frota, que hoje tem veículos com 14 anos de uso ainda em circulação.A tarifa simplificada entraria em vigor na última segunda-feira, mas acabou adiada porque a Agergs pediu vistas ao projeto. O órgão iniciou a análise do processo na quinta-feira. A partir de uma primeira leitura, o conselheiro presidente da Agergs, Carlos Martins, adianta que faltam informações técnicas importantes, como o quanto cresceria a procura pelo ônibus.

 

— Se não houver um aumento significativo de passageiros, a redução resultará numa queda importante da receita das empresas, que já estão em dificuldade financeira. Isso acaba penalizando o sistema como um todo — comenta Martins.

 

A proposta da Metroplan é que a passagem entre Canoas, Esteio, São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Novo Hamburgo fique em R$ 2,65, e o deslocamento dessas cidades para Porto Alegre, ou vice-versa, seja tarifado em R$ 3,15. Atualmente, existem valores diferenciados para cada trecho, com valores de R$ 2,65 até R$ 5,80.

 

Avaliação

Notas de 1 a 5
Limpeza: 2
Espera: 2
Lotação: 5
Conduta: 5
Segurança: 5

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